Professor do curso de Língua e Cultura Galegas na USP concede entrevista ao Espaço Brasil do PGL
Sexta, 10 Outubro 2008 19:50
Professor Leopoldo Cañizo Duran
José Carlos da Silva - O Espaço Brasil conversou com o Professor Leopoldo Cañizo Duran, natural de Xirazga (Ourense), licenciado pela Universidade de Santiago de Compostela em Filologia Galega e Hispânica.
O Professor Leopoldo está no Brasil, a convite da Universidade Estadual de São Paulo – USP, ministrando o curso de Língua e Cultura Galegas.
Com a iniciativa, o Brasil conta com três universidades públicas promovendo o curso de galego, divulgando a cultura e com isso, o número de interessados, descendentes ou não, têm aumentado significadamente.Acompanhe a seguir, a entrevista.
Há quanto tempo existe o curso de Língua e Cultura Galegas na USP? Existem outros similares no Brasil?
O curso de Língua e Cultura Galegas I foi ministrado durante o primeiro semestre do atual curso escolar, ao tempo que era inaugurada a Cátedra de Estudos Galegos da Universidade de São Paulo, à qual está vinculado. Atualmente estão tendo lugar as aulas de Língua e Cultura Galegas II, que terminarão a começos de Dezembro. Anteriormente, a professora Valéria Gil Condé, diretora e impulsora da CEGAL-USP tinha ministrado algum outro curso centrado na língua e na cultura galegas.
Na Universidade Federal de Bahia e na Estadual do Rio de Janeiro existem Centros de Estudos Galegos similares à CEGAL-USP, que têm por sua vez cursos de língua e cultura galegas vinculados a eles. Na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, existe assim mesmo um Núcleo de Estudos Galegos, a partir do qual se organizam cursos e atividades relacionados com a língua e cultura galegas.
Em média, quantos alunos cursam? Qual a periodicidade da oferta do curso? É aberto à comunidade ou apenas para os alunos da USP?
A intenção é de oferecer quatro níveis diferentes, Língua Galega I e III no primeiro semestre e II e IV no segundo, e até foram iniciados os dois primeiros níveis, nos quais a média de alunos foi aproximadamente de trinta. O curso está aberto ao público em geral, e muitos dos assistentes não são alunos da USP.
Quais os objetivos dos freqüentadores do curso?
Os interesses que levam os alunos a aproximar-se à língua e à cultura galegas são muito variados: alguns conhecem e apreciam o patrimônio comum da literatura medieval, e vem no galego uma oportunidade de aprofundar no seu conhecimento, outros (ainda que não a maioria) têm algum tipo de vínculo com a Galiza ou os galegos (familiares, conhecidos) e o seu interesse é, assim, mas pessoal; um terceiro grupo é o de gente interessada pela variedade e a realidade lingüística do Estado Espanhol (vários alunos são professores desta língua) e querem profundar nestes conhecimentos, e finalmente há alunos que se interessam por aprender, simplesmente, uma língua nova (da que em muitos casos, não tem nenhuma referência).
Na área cultural, quais são os assuntos abordados pelo curso? (literatura, historia, geografia etc...)
A parte da aproximação eminentemente lingüística, uma boa parte das aulas estão destinadas ao estudo da literatura em galego, especialmente das épocas moderna e contemporânea, e junto com ela abordam-se temas históricos, políticos, etnográficos... a música e a atualidade também são partes importantes do curso.
O Curso ou a USP têm convênio com as universidades galegas ou com a Junta da Galiza?
A existência do curso está vinculada à criação da Cátedra de Estudos, que nasce através de um convênio assinado entre a USP e a Secretaria Geral de Política Lingüística da Junta da Galiza.
De que maneira o senhor acredita que esse curso ajudará no desenvolvimento e reintegração do Galego no universo lusófono atual?
Sem entrar no debate terminológico sobre se é reintegração o termo mais ajeitado para referir-nos à relação de diálogo e intercâmbio que através da nossa língua a cultura galega pode e, no meu ponto de vista, deve naturalmente manter com os países de fala portuguesa, atendendo à situação atual (de maioritário desconhecimento, inclusive entre os universitários) faz-se necessaríssima a difusão da nossa realidade lingüística e cultural na lusofonia: sermos conhecidos.
Neste sentido, tanto nas aulas como através das atividades de difusão que temos organizado (encontros com escritores, conferências, sessões de conta-contos), o contato com a comunidade universitária permite-nos chegar a atuais ou futuros formadores de opinião que, no posterior, hão-de ter o galego presente dentro dos variados debates que sobre a língua têm lugar neste país. Alguns alunos, inclusive, começaram já a fazer trabalhos de investigação em que o galego é parte central, e hão-de contribuir, sem dúvida, para uma visão novidosa sobre a nossa realidade.
Por outra banda, o mero fato do galego estar presente entre as línguas ofertadas por uma instituição com a projeção da USP permite a sua difusão entre um público mais amplo, que inicialmente talvez não se interessasse e seguramente nem conhecesse da nossa existência, e é assim mesmo um reforço positivo para a auto-imagem da comunidade de galegos do Brasil, sobre a que ainda pesam (como certamente também ocorre no nosso País) antigos preconceitos no tocante ao idioma, e cuja experiência na relação interlingüística galego-portuguesa (ou galego-brasileira) resulta tão interessante à hora de debater sobre a nossa identidade lingüística.
Ver a notícia original no Portal Galego da Língua
2 Comments:
Caray Poldo, xa saes nos medios de comunicación! ¡Que ben a entrevista!O que non entendo e que tendo un pasado en comun galegos e portugueses, moitos inda descoñezan o noso idioma e realidade cultural...(Indo a Lisboa fai case dez anos quedárame bastante sorprendida).
Se necesitas unha pandereteira para dinamizar as tuas clases no aspecto cultural galego, xa sabes, que me arranxen unha viaxiña cos gastos pagados!
Caro professor Cañizo, que bem ter novas tuas ainda por terceiros. Muito bem a entrevista, ainda que já sabes...nada home, eu deixaria-o ainda mais clarinho.
A ver quando te unes ao Cadaver.
Umha aperta!
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