As companhias de baixo custo permitirom-lhe a Jacobe apanhar um aviom para Londres doadamente. O aeroporto de Heathrow desde o alto via-se cuberto por umha espesa capa de néboa. Jacobe observava-o através da pequena janela da cabina mentres se ajustava a roupa ao pescoço, nom as tinha todas com el. Às apenas duas horas de viagem desde Santiago deren-lhe muito que pensar. Nunca se vira metido numha enleada de semelhantes proporçons e tam só a lealdade para com o seu professor despexava o medo da sua mente. Conhecia, mais que bem, como poderiam resolver-se as cousas se o que insinuava Dom Anselmo era certo. Nunca mirara aos olhos a um Monteira Furada, até tinha dúvidas da sua existência, pero sabia dos seus devanceiros, sabia de onde vinham aquelas gentes.
O aviom aterrou com puntualidade británica. O Jacobe tivo que fazer as cousas com diligência, nom quixo deixam nengum cabo sem atar. Apenas com o equipagem de mam fixo o desembarco o mais rápido que puido. Caminhou polos corredores do aeroporto sem pausa e tentando nom chamar a atençom. Nom deixava de botar olhadas às costas por ver se alguém vinha trás del.
- Deus! Com tanto loiro vou tolear. Tranquilo Jacobe, estás na Inglaterra. Falou polo baixo o Jacobe.
Nom tardou nem quince minutos em deixar o aeroporto e subir-se a um taxi. Os ponteiros do seu relógio marcavam as once da manhá com hora británica; tinha mais de tres horas para atopar-se com o professor, recolher as novas instrucçons e voltar de novo a Heathrow para subir ao aviom, ainda teria que aguardar até as cinco da tarde para despegar.
- Ao centro, se fai favor. Dixo o Jacobe ao taxista num correito inglés.
Entre a néboa, com os faros acesos, o carro abria-se caminho. Havia muito tráfico a essa hora. Abstraido nos seus pensamentos o Jacobe foi-se percatando de que outro taxi negro vinha atrás del desde já havia um treito. Nom dava creto.
- Merda! Atoparian-me? Nom pode ser, como raios... Acelere!! Ordeou-lhe ao conductor.
Durante um tempo o outro taxi seguiu-nos sem perder distância. Parecia que a cita com o professor Bramil ia ter que esperar quando, sorpresivamente, o taxista do Jacobe – intuindo a persecuçom – saltou um semáforo em vermelho e deixou atrás ao outro taxi. Respirou o Jacobe.
- Muito obrigado! Torça a esquerda na seguinte e pare por favor. Dixo.
- Estivo bem, já me tinha aburrido o comecús esse! Dixo o taxista fachendoso.
Nom podia continuar no taxi, Jacobe decidiu ir a pé até «The bored horse». Um local bem peculiar que nom adoitava visitar quando se deslocava até Londres, pero no que Dom Anselmo tivera umha das sua habituais esceas. Nom poderia esquecer a cara de noxo do professor por muito tempo ao provar aquel café salgado que el mesmo carregara ao confundir o caneco do açucar.
- Este professor! Sorriu mentres caminhava polo passeio ao lembrar a escea.
Havia muita gente pola rua. Desconfiado, continuava a botar a mirada aos quanto mais loiros eram. Logo de caminhar um bo treito, já em Picadilly Circus, puido ver por fim o lugar do encontro. Ainda era a umha do meiodia, decidiu ficar num restaurante desde o que controlava o «The bored horse»; pediu o almorço e apostado como um pássaro de pressa aguardou passar o tempo. Pensou em muitas cousas ademais de na aventura que estava a correr. Sobre todo na rapariga que desde havia algum tempo convivia com el. Giana era a imagem que presidia a seu pensamento. Do outro lado da rua todo parecia tranquilo e, puntual como um relógio, observou como o professor Bramil entrava polo cavalo aburrido. Ao rematar de comer, tirou do peto a carteira para pagar-lhe à camareira. O borde de umha foto abrolhava por um dos seus flancos. Pagou a conta e, cerimonioso, sacou a foto da bilheteira. Mirou-na com detemento achegando-a lentamente até bica-la. Justo antes pareceu-lhe ver como um lóstrego silencioso o abordava desde atrás. Quatro entusiastas japoneses ametralhavam o local a fotos. A porta do local fechou-se com força e o frio de fóra acarinhou a face de Jacobe atraendo a sua atençom. Resolto ergueu-se da mesa e arrancou ao encontro do professor.
- Meu bo Jacobe... Dixo Dom Anselmo ao ve-lo entrar pola porta. Vejo que o sal no café nom é cousa que se esqueça facilmente. Hehe!!
- Olá professor, como está? Atopa-se bem? Dixo Jacobe.
- Aguardo que foses coidadoso para chegares até aqui.
- Fu-no, nom se preocupe.
- Bem. Nom hai tempo. Devemos ser breves. Dixo baixando a voz Dom Anselmo. Bota a mam por baixo da mesa.
- Que é isto?
- Agora atende, nom fagas perguntas. Sabem que estamos aqui!
- Poida que tentasem seguir-me, pero despistei-nos...
- Isso é o que ti pensas, tenhem gente por todas partes. Aparentou paranoico Dom Anselmo. Atopei a conexom! Atopei-na! Case por casualidade. Nos fondos do Museu Universitário de Tromsø. Num capacete cerimonial...
- Capacete?
- Si, toparon-no a começos de século num drakkar afundido na costa norueguesa. Nom o vas crer! Levava fora de exposiçom desde a sua descuberta, passou inadvertido tanto tempo!
- Pero...
- O barco afundido era a tumba dalgum chefe vikingo. Mui poderoso, tinha ouro, o capacete é de ouro; muitas armas, alfaias...e moedas. Hehehehe!!!! Moedas!!!!!! Tres moedas!!!!
- Si. Moedas, e?
- Pois que isso mesmo conseguiu despistar aos Monteira Furada de todo isto. Nom o vas crer!
- Por favor professor!! Insistiu com sorna Jacobe.
- Moedas... de prata. Hehehe!!
- Prata?
- Si de prata! E no anverso pode-se ler: «REX ET REGINA CAST LEGIO ARAGO SIDI» Recitou com pompa Dom Anselmo.
- Nom pode ser! Impossível!! Case berrou o Jacobe. Tem que ser impossível. Tem que ser por algum tipo de processo post-depossicional... nom me estranha que eles nom o tiveram em conta.
- Atoparom tres moedas na que parecia a impronta da cabeça do cadaver, ao ladinho do capacete.
- Nom pode ser! Insistia incrédulo o Jacobe. Vikingos em pleno século XVI? Se nom me equivoco estamos a falar dum Real de Prata dos Reis Católicos. Sobre o 1500...
- Exacto! Dom Celso Garcia de la Riega tinha raçom!! Tinha raçom!!! Hehehehehe!!!! Ria animado como um colegial Dom Anselmo.
- Entom...
- Espera!! O melhor ainda está por vir.
- O capacete!
- Um capacete de ouro com baixorelevos dumha calidade exquisita, onde se narram os feitos dum enfrontamento, dum saqueio, dum roubo...e toda a escea presidida por...
- Iggdrassil?
- Si! Pero nom só isso! Parez que Dom Celso nom se equivocava...outro incomprendido!!!
- Nom se faga de rogar por favor.
- Pois, no capacete aparece a árbore sagrada cuberta por umha cuncha, umha cuncha de longueirom.
- Nom!
- Si!
- Atopou ao traidor!? Professor!! Atopou-no! Dixo contendo a emoçom Jacobe.
- Penso que si meu caro amigo.
- Agora já sabemos onde temos que buscar, sempre estivo na nossa terra. E eu perdendo o tempo por estes sitios tam frios...nom perdamos mais tempo! Increpou Dom Anselmo.
- Já sei o tenho que fazer, nom se preocupe professor.
- Confio em ti meu caro companheiro.
Mirando para a chave que lhe passara Dom Anselmo por baixo da mesa o Jacobe aguardou que falase de novo.
- Vai a estaçom de comboios de Waterloo, consigna número 24. Logo volta o mais veloz que poidas para Galiza. Devemos ter muito cuidado, estamos mui perto...
- Nom mo podo crer, isto é mais do que me poderia imaginar.
- Agora nom podemos fazer mais do que o dever nos chama. Vai-te meu bo Jacobe.
- Nom lhe falharei professor. Seja cuidadoso. Estaremos em contacto. A mirada do Jacobe delatava a sua preocupaçom à vez que a luz da impaciência. Até pronto!
- Até pronto Jacobe. Dixo Dom Anselmo á vez que pensava: E o traidor convertiu-se em delator!
Jacobe saiu decidido do local mentres lhe botava umha última olhada ao seu professor que ainda permanecia sentado à mesa. Desta volta Jacobe optou polo autocarro, asim estaria sempre acompanhado de gente polo que os Monteira Furada teriam que serem mais cuidadosos. Apanhou o autocarro no mesmo Picadilly, ia direito até a estaçom de Waterloo. Tomou asento e meteu as mans nos petos sem soltar em nengum momento a chave, apretava-a forte no seu punho. Desde o seu sitio seguia a observar para as diferentes persoas que ateigavam o autocarro. Estudantes, mochileiros, anciáns e gente que parecia adicar-se aos negócios. De entre eles fitou num que lhe resultou extremadamente elegante. Vestia de negro um impecável traxe que cubria cum gavám de lá de refinada e robusta costura, sentado com um marcial estilo suxeitava entre as mans um chapeu tamém negro boca arriba do que sobresaiam umha distinguidas luvas negras com umha extranha marca vermelha que, aos olhos do Jacobe, pareciam um brasom ou escudo. O Home era loiro, alto, e algo enxoito, lia o jornal com um ar de certo desinterese, as suas mans deletavam a sua força. O Jacobe nom lhe sacou olho até chegar à estaçom, o home tamém baixou. Jacobe correu quanto puido até chegar a consigna, chamando a atençom da segurança da estaçom que lhe solicitou a documentaçom e lhe fixo um pequeno interrogatório. Deste jeito o Jacobe conseguiu umha inestimável protecçom quando estes lhe pedirom que abrise a consigna ante eles. O home loiro de negro mantinha a distáncia, tomando tranquilamente um cafe, pero sem perder detalhe da escea.
- Nom hai dúvida, é um deles. Pensou o Jacobe mentres recolhia das mans duns dos guardas o pequeno anaco de metal que asemelhava umha especie de fruito.
- Desculpe as moléstias senhor, pero seja mais comedido para umha outra vez. Dixo seco um dos guardas.
- Serei-no. Muito obrigado por todo. Respostou o Jacobe.
Os dous guardas acompanharo-no até a saida e ali o Jacobe apanhou de novo um taxi.
- Rápido por favor! Ao aeroporto de Heathrow! Dixo o Jacobe.
Eram case as quatro da tarde, tinha umha hora para chegar ao aeroporto e polo de agora as cousas sairam bem, do home de negro nom havia nem rastro. Chegou para embarcar com vinte minutos, vaziou os petos para o control na bandexa de plástico que lhe deram os da segurança e passou o arco de control para recolher de novo as suas cousas. Subiu ao aviom, sentou-se e comprovou que nom havia ninguém na cabina que se parece-se ao loiro do autocarro.
- Nom pode ter sido todo tam doado. Pensou à vez que se acomodava para dar umha pequena cabeçada. Estam em todas partes...
1 Comment:
Mui bom Gon!!!
plas plas plas!!!
Isto esta em verdade interesante.
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