terça-feira, 19 de julho de 2011

Fujur morreu.

Haverá cousa de um mês que minha nai me informou disto. Fujur, a nossa gatinha mais veterana morreu. Levava com nós mais de 13 anos, em poucos dias faria 14. Gostaria aqui brindar-lhe esta pequena homenagem, de forma absolutamente sentida e verdadeira. Poida que algúns dos que leiam estas linhas me considerem exagerado, ou excessivamente sentimental, mas sei que a meirande parte de vós há-me comprender.

Esta gatinha tem umha longa estória, começa no verám de 1997 quando a minha irmá pequena Carme, daquela com nom mais de 13 anos, ergue o braço nas pojas de Santo António que se celebram trás da Igreja de Gondomar, para fazer-se com umha caixinha surpresa, bem envolta e engalanada, com papel de cores e flores, que continha o que polo pesso parecia nada. Mestras a abria escuitamos uns ruidinhos, finos e maguentos. Ali os estavam, dous gatinhos recem nascidos, pequenos que colhiam na mam, com os olhos fechados e esfomeados de nai. Um foi para a amiginha da minha irmá, o outro nom havia jeito de convencer a Carme de outra cousa que nom fosse leva-lo para casa. Eu temím polo enfado do minha nai, gateira como a que mais, mas inimiga do encarinhamento com os animais que "logo doe muito quando se perdem", agoirou.

Assim foi que chegou naquel dia de sol à nossa casa, agora o assunto era por-lhe um nome. De novo minha nai se conver-te na protagonista, afeiçoada empedernida à leitura fantasiosa e ao cinema, deu no cravo: Fujur!! Como o dragóm da História Interminável (Michael Ende). De certo, aquel pequeno gatinho - tam cativo que nom sabiamos se havia ser home ou mulher - era cuspidinho ao bechinho draconiano, com as suas orelhinhas romas e as patinhas esparegidas polo cham dobregadas polo pesso do bandulho. Botamos a Fujur na sua caixa de sapatos, entre os cuéiros que usáramos eu primeiro, meu irmám logo e até Carme de quando em vez, agora era o tempo de os empregar o micho (antes os cueiros eram de lavar, nom de tirar).

Foi a minha irmá quem cometeu o pecado mas eu fum o encarregado de paga-lo. Durmím com Fujur à beira da minha cama durante um par de messes, nom sei se sabedes, mas os gatinhos pequechos tenhem que comer cada três ou quatro horas, assim que religiosamente estivem a me erguer com essa frecuência todas as noites até que Fujur abriu os olhos. Tivemos que comprar um minúsculo biberom gatuno. Enchi-no todas aquelas noites logo de quentar a água, engadir-lhe os pôs michineiros e tantear a temperança no pulso para que estivesse óptimo para a gatinha... quem mo ia dizer, como um autêntico pai. A ver se me valeu como adestramento!

Fujur começa a caminhar, sube polas cortinas, polos móveis todos, entra nos sapatos, persegue o seu rabo - que será isto? Dizia a sua cara ao trabar nel -, aprende a fazer as cousas na areia e a purgar roendo saquetas de plástico, sobe-nos polas pernas, dá-me a patinha, pelexa-se com o jornal que o meu pai enrolava e pendurava da sua cabeça - "Isto é o melhor do ghato este", esmendrelhava o meu pai -, comia de todo, durmia aos meus pês, adeprendia a querer só do colo da minha nai, ficava atrapada por umha patinha (durante horas) numha janela, caçava os seus primeiros saltóns, pássaros, lagatixas... Polas manhás cedo vinha lamber-me o nariz e se nom conseguia espertar-me apoiava as suas patinhas nos meus olhos fechados, falava com a minha nai - em idioma gateiro, claro -, corria atrás minha, metia-se baixo das mantas da cama mentres a fazias (logo ficava ali como um vultinho por bo anaco), tentava fuxir pola porta, caminhava de lado polo sitios estreitos ao passar por alguém com umha crestinha panki no lombo, estarricava em longas miadelas, mirava pra tele, caçava moscas tamém, chuchava da roupa da minha nai, agochava-se nos armários... som cousas todas de gato, mas estas forom as cousas da Fujur.

Fujur foi umha gatinha cheia de vida, activa e feliz. Com muito caráter e, ao meu parecer, dona dos seus actos gateiros. Foi a minha amiga e foi parte da minha vida por muito tempo, de toda a minha familia. Passou este último ano mui enferma, vítima de umha embolia que a converteu noutra. Na sua última noite, logo de dias moribunda, fixo a pelotinha pra durmir e já nom se desenrolou mais.

Eu queria a minha gatinha Fujur, porque me fixo sorrir, porque ela era única. Tinha a sua personalidade, a sua mirada, era umha pequena pessoa que convia com nós. Minha nai sempre o di. : "Quem nom quer a um animal nom pode querer a umha pessoa", e eu comparto ao cento por cento. Todos estamos neste mundo, e nós nom somos dignos de considerar-nos os mais importantes, de considera-los a eles, aos animais, inferiores. De nom respeita-los e só emprega-los segundo os nossos interesses. Sei que algúm dia, no futuro nos julgaram polo que agora lhes estamos a fazer. O mestre Sagan ensinou-me, quando fuxia da catequese para ir ve-lo - manda caralho - a verdadeira religiom, que é que todos somos irmáns, porque todos estamos feitos de pô de estrelas, fojados com os átomos que hai éons se criarom no interior das estrelas, e desse pô, se fixo o nossa Terra e do que havia na Terra nasceu a vida, e daquelas pinginhas de vida vimos todos os que agora estamos aqui.

Minha gatinha Fujur agora descansa baixo a maceira da minha horta, entre flores dentro de umha caixa de sapatos e assim como começou a sua vida com nós, remata. Mas tenho por seguro, que mentras viva nunca a hei esquecer, porque a tenho na memória, porque a quero.





P.S: Estou longe da casa e nom tenho mais que estas fotos que tirei com o movil.

10 Comments:

π said...

A verdade é que doe. A min pasoume cun can que me morreu de 'moquillo'. Non volvín ter ganas de ter outro.

Marta said...

Ay, Gonzaliño que ata me fixeches chorar!, pobre Fujur!!! A de veces que eu chorei polos miñas mascotas mortas, querelas como as persoas. Pero inda que Fujur marchou podemos dicir que tivo unha vida longa e feliz e sobre todo ao lado de persoas coma vos que a coidachedes e mimachedes tanto :) Agardo que agora teña mil vidas no "mais alá" gatuno.
Boa viaxe Fujur!

(ay, que sensible estou, non deixo de chorar...é a regla)

Gonzalo Amorin said...

Sinto-o Martita!! Nom era a minha intençom, ainda que sei da tua debilidade gateira. Muito obrigado polo teu comentário. Um biquinho!!

O'Chini said...

Vaia pena...
Que sentida homenagem, Gon, atrasei a sua leitura porque me ia dar pena, e assi foi...

Bom,agora, a vida segue....

O'Poldow said...

Ontariano, que elexía tan ben feita. Unha aperta gatuna-condoente.

Gonzalo Amorin said...

Obrigado a todos e todas polas vossas condolências. Caro Poldo gosto de que gostasses. Apertas!!

Danito said...

Eu tamén a lembrarei sempre.. ¿Recordas aquela rabuñada que me meteu unha noite ó chegar a casa despois de saír en baiona? Foi todo xenio e figura. As minhas Condolencias.

Gonzalo Amorin said...

hehe!! Estivo-che bem!! Que horas eram aquelas de molestar o seu gatuno sono!? Imos ver!!! Obrigado Danito! De seguro que sempre te has lembrar.

O'Chini said...

Isso si que é amor...tatuou as suas gadoupinhas na pel....hehe:)

Danito said...

Agora que recordo!! ese día sacamos algunha foto co telemobil!! Se as atopo compartireinas, será minha pequena homenaxe.