Estou agora no parque, acabamos de chegar de umha intervençom. O 112 chamou-nos por um desses avisos dos que te deixam frio. Informam-nos do envorcamento dum tractor com um atrapado, na paróquia de Lougares no concelho de Mondariz. Equipamo-nos e saimos tam rápido como podemos, em menos de dous minutos estamos em caminho. Antes de arrancar consultamos o mapa, Lougares umha das paróquias mais alonxadas do parque, com uns muito complexos accesos. Fai umha calor abafante, hoje tam só somos tres e eu estou no posto de bombeiro 1, à vangarda do trabalho. Vou só no camiom, pola emisora o cabo informa-me que se confirma o atrapamento, um home maior está baixo o tractor, vam em caminho a ambulância mais o helicóptero do 061 com base em Ourense. O caminho fai-se interminável, eu vou na BNP (Bomba Nodriza Pessada), nom lhe dou seguido o ritmo à BUL (Bomba Urbana Ligeira), fago que tenham que aguardar por mim. Continua a chegar-me informaçom pola emissora mentras tento ordear o protocolo de actuaçom na minha cabeça: colher os coxíns pneumáticos, colher botelha de ar, colher maneral... nom te esqueças de por as luvas de latex pòr baixo das de intervençom. Nom da-mos à primeira com o lugar do sinistro, levamos já mais de meia hora de caminho, com as sirenas sem deixar de soar, abrindo passo entre a gente. Chegamos ao lugar, umha morea de gente se arremuinha por um caminho que baixa desde a estrada. Saio do camiom correndo, comprovo que vou bem equipado. Parte de aquela gente, chora, berra, ergue os braços ao ceu, algúns miram para nós, umha rapariga, com os olhos esbagulhados achega-se-nos berrando: "Para que vides agora!! Para que!!!" Bota as mans à cara mentras outro rapaz tenta consola-la. Miro para o meu cabo, tem olhos cheos de bágoas, miro para o meu outro companheiro, está calado, miro para o corpo do home já fóra dos ferros. Umha saba enrugada insinuava a presença da morte. Morrera, morrera case no acto. Os vezinhos com a Guarda Civil, conseguiram saca-lo, mas para nada. Nos mentras polo caminho. Mui longe de aquel lugar de Lougares, concelho de Mondariz, a mais de meia hora de poder salvar-lhe a vida a aquel home.
7 Comments:
ó leer o texto vivino en directo,oxalá non teñas que volvernos a narrar nunca máis esta escena...buf...Parabéns ós que realizades esta labor.
Vaia escea!!! Apuf!!! Pero igual inda que chegarades cedo para sacalo non conseguiriades salvarlle a vida, igual a cuestion non era sacalo (como ben fixeron os viciños e a guardia civil) senon a atención médica...debe ser jodido ter que comerse a cabeza con iso, pero quizais sirva de consuelo pensar que a súa vida xa non estaba nas vosas mans...Ánimo!!
Subscribo o que dim Pablo e Marta, e ademais engado que penso que para que houvesse umha resposta rápida a cada paróquia, deveria haver muitos, muitissimos mais parques...E isso nom sei se é possivel, pero muito difícil seguro, e ademais isso já nom dependia de ti.
A nossa secular disperssom demográfica e o dinheiro público som o resto.
Ánimo, caro Gon!
Apertas compañeiro...
en cousas coma estas supoño que reconfortará saber que o importante é que isto só ocorre na menor parte dos casos, e que a maioría das veces a vosa tarefa é fundamental para axudar con éxito aos demais.
Muito obrigado a todos e todas polos vossos ánimos.
O certo é que destas cousas já estou algo curado. O velho, segundo dixerom os médicos, morreu no acto, polo que nada poderiamos ter feito. Mas o que me fode é pensar que se desse o caso de que nom morresse, de que morresse por nós nom chegar a tempo. Isso é o que me rebenta. Há países europeus que obrigam a nom sobrepassar os 10 minutos de tempo máximo de resposta em emergências, nos estamos obrigados por lei a ter umha isocrona máxima de 20 minutos, mas a realidade é bem distinta, no meu parque enfrontamo-nos a distâncias de até 45 minutos. De que vale isso? De nada! Absolutamente de nada!! Mas dá o mesmo, sigamos privatizando-o todo, sigamos fazendo mal todo. Como cona a gente nom se percata disto? Eu estou por colher a m......!!! Lume!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Certo, caro Gon, eu andava que nom queria meter-me em política num post deste tipo, pero velai o centro do problema. 45 minutos é umha burrada.
Que noticias mais tristes. Está moi ben ter a alguén de dentro que nos vaia contando estas cousas. Ánimo Gon, e se as cousas están mal, haberá que faser algo ao respecto! Un bico.
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