José Paz Rodrigues
Sempre fum crítico nos últimos tempos para uma sectária e endogâmica RAG, que preside nesta altura Méndez Ferrín.
Organizadores e assistentes à “Escola Internacional de Verão-8ª Jornadas do Ensino de Galiza e Portugal”, celebrada na escola Normal de Ourense, de 27 de agosto a 1 de setembro de 1984, tivemos a sorte de contar com a presença na mesma de Paz-Andrade, para nos falar da grande figura de Castelão. Sob a epígrafe de “Castelão, literatura, arte, política e ensino”, no primeiro dia das “Jornadas” teve lugar uma homenagem ao grande vulto de Rianjo. Na mesa redonda intervieram Paz-Andrade, Diaz Pardo e Carvalho Calero. Quem subscreve era o presidente da comissom organizadora e ainda lembra com nostalgia o jantar daquele dia com tam preclaras personalidades no antigo e formoso refeitório do já desaparecido Hotel Barcelona. Onde se hospedavam todos os docentes que lecionavam cursos e obradoiros nas “Jornadas”. Como se lembra também do roteiro do último dia, acompanhados por Dom Ricardo Carvalho Calero, às terras de Celanova, para visitar o mosteiro de S. Rosendo, capela de S. Miguel, Castro Mau, Vila Nova dos Infantes e Virgem do Cristal e, ao final, a leitura de poemas diante dos bustos de Curros e Celso Emílio. Onde Carvalho pronunciara umas belas palavras.
Além do seu profundo amor pola Galiza ao longo de toda a sua vida, Paz-Andrade carateriza-se pola sua trajetória multifacetada, tendo a Galiza sempre como norte ou como “tarefa”. Foi jornalista e criador de várias publicações periódicas, foi empresário galeguista criador de Pescanova, foi o que mais apoiou Blanco Amor no seu momento, foi literato, poeta e ensaísta, foi economista, político republicano e advogado. Entre as suas obras quero destacar Pranto matricial (1954), Galiza como tarefa (1959), Sementeira do vento (1968), O porvir da lingua galega (1968), La marginación de Galicia (1970), Cem chaves de sombra (1979), Castelao na luz e na sombra (1982), Galiza lavra a sua imagem (1985) e, especialmente, A galecidade de Guimarães Rosa (1978), onde como muito bem diz o meu amigo Carlos Durão, ademais de mostrar que no Brasil se usa a língua nossa comum e internacional, emprega palavras e expressões tam galegas como brasileiras, que nos som comuns. Como exemplo: amojar, chirimia, sanfona, orvalho, lusco-fusco (e lus-fus), noitinha, sol-pôr, arco da velha, lonjão, c[o]roça, fura-bolos, mata-piolhos, meninho, sovela, queixume, folgar-se de, ri que ri, verter água (mijar), arranjar (acomodar), pendão (do milho), folha de vide, etc. E nom quero esquecer-me que o nosso grande vulto publicou artigos na revista O Ensino, da que tive a honra de ser eu diretor, e a AGAL dedicou-lhe um número monográfico, o 51 de 1997, da sua revista Agália. Paz-Andrade estaria, como grande reintegracionista que era, com todas as entidades galegas que desde há tempo apoiam decididamente que o idioma galego deve fazer parte da lusofonia. Por isto, em 1986 era vice-presidente da comissom da Galiza para a integraçom do galego no acordo ortográfico lusófono do Rio de Janeiro. Tal comissom estava presidida por Guerra da Cal e, entre outros, faziam parte dela Isaac Estraviz, Marinhas del Valhe, Gil Hernández, Vilhar Trilho, Carlos Durão, Fontenla, Martinho Montero e quem subscreve o presente artigo.
1 Comment:
Sempre dixem que isto si é imparavel...
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